sexta-feira, 3 de julho de 2009

Comunicação Coca-Cola

Alice Botega
Em 1999, quando tranquei a universidade para ir morar no exterior a Internet estava sinalizando alguma coisa laaaa no infinito, ou melhor, no futuro. Nessa época usávamos a máquina de escrever, elétrica é claro, coisa de primeira, tínhamos que bater 140 toques por minuto, mas se errasse lá no final, já era, tinha que começar tudo novamente coisa de gente perfeccionista.

O curso de Comunicação Social estava se modernizando, se não me engano tinha sido implantada a hemeroteca que também disponibilizava alguns computadores para os alunos, lembro do dia em que entrei lá, ficava no final do corredor, atrás do laboratório de foto, estava lá à professora Darlete, vestia um blazer claro, quase da cor das novas máquinas, confesso que tive um pouco de medo ao olhar aquelas máquinas, depois chegou a professora Silvana e as duas começaram a me mostrar os novos equipamentos maravilhadas.

Na década de 90, participei de vários congressos nacionais e estaduais, UNE em Belo Horizonte que teve até a presença de Fidel Castro, é isso mesmo Fidel Castro em carne e osso e é claro, charuto cubano. Outro congresso que lembro bem foi o Enecom em Maceió – Encontro Nacional de Estudantes de Comunicação - o tema era falar, estudar, debater sobre a Democratização da Comunicação.

Enfim 10 anos se passaram e a tal da Democratização da Comunicação chegou. E chegou com tudo, com todas as ferramentas, com todas as comunidades e possibilidades, 24 horas de noticias e informações em tempo real, acessos free e disponíveis até na padaria da esquina. Ficamos eufóricos, isso é o futuro, isso é a Democratização da Comunicação!

Agora todas as classes terão direito de consumir e produzir informação, não é magnífico? Por que estamos indignados, pessimistas? Umm derrubaram o nosso diploma e agora? Talvez agora tenhamos que pensar no Tema do Enecom de 1999, Comunicação Holística, que remete ao “holismo” teoria segundo a qual o “todo é algo mais do que a soma de suas partes”. Que palavra no ano 2009 pode nos remeter ao “todo”, seria o GLOBAL, e quem são as “partes” ou quais são as suas partes? Ou melhor, o querem fazer dessas partes? Em 1974 o canadense Marshall McLuhan já havia proposto o termo “aldeia global” com estudos que caracterizam um progresso tecnológico que iria globalizar a comunicação.

Mas no novo milênio a “aldeia global” tomou outro sentido, talvez ela queira nos encarcerar dentro dessa “aldeia” e deixar o “global” do lado de fora. Essa “aldeia global” proposta pelo novo milênio tomou a dimensão de mercado e mercado mundial, o que predomina é o modo de vida urbano; a americanização da juventude; o tudo igual e instantâneo da comunicação (vamos todo imitar o moonwalk) de Michael Jackson e seremos felizes.

Apropriando-se das palavras do sociólogo Armand Mattelart, podemos dizer que a Comunicação é recomendada assim no novo milênio: “criem um produto único para todo o mercado mundial; comercializem-no a um preço único; o mais baixo possível; façam sua promoção da mesma forma em cada país; e utilizem, em todos os lugares, os mesmos circuitos de distribuição, em suma, grosso modo imitem a Coca-Cola”, então criamos no século XXI a comunicação Coca-Cola.

Abaixo segue a receita do gás da Coca-Cola. Mas lembre-se se você e formado em Comunicação Social – habilitado em Jornalismo você tem o DEVER DE FAZER DIFERENTE.

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